quarta-feira, maio 02, 2007

Neo-colonialismo

A, agora chamada, União Europeia, começou sendo uma pequena organização de 6 países que se propunha honrar uma pequena série de acordos económicos para fazer face às dificuldades do pós-guerra e relançar a economia dos mesmo países. Isto foi conseguído, em parte graças a estes acordos, mas quando, a partir de de meados dos anos 50, as então colónias dos países europeias começaram a emancipar-se, as potências europeias viram-se entaladas pelo seu próprio sistema económico dando inicio aos vários alargamentos da actual União Europeia.
Historicamente, o capitalismo começou a arrancar em força com o inicio da revolução industrial sendo grandemente impulsionado pelo escoamento do produto fabricado para as colónias sendo esse o fim do sistema que consistia em: as potências iam buscar as matérias primas às colónias pagando um determinado montante por isso, dando algum poder de compra aos colonos; com as meterias primas eram fabricados todos os tipos de produtos nas metrópoles que seriam vendidos novamente nas colónias, sugando então o que lhes tinham dado, fazendo a economia crescer às custas dos coitados coitados colonos e nativos. Acho que a partir deste ponto já não era preciso dizer mais nada, mas já agora vou gastar mais um cadito de teclas.
Portugal entrou para a UE e logo a seguir vieram grandes fundos provenientes de países como a França e a Alemanha, criando-se assim novos postos de trabalho, casas e auto-estradas. Tudo isto parece bastante bom, e a verdade é que Portugal cresceu mesmo, o problema foi o que veio a seguir. A UE tem um plano para todos os aderentes, este plano está dividido em duas partes, a primeira é dar-lhes fundos para eles crescerem e daí poderem mais tarde auto-gerirem-se e crescerem por si próprios, mas como isto é Portugal isso não aconteceu, a segunda parte é usar esses fundos e esse crescimento para beneficio dos países fundadores da UE, ou seja, construam estradas para nós vendermos os nossos carros, e foi isso que se passou, todos os fundos e subsídios só servem para retornarem à origem através do consumismo normal de uma sociedade capitalista. Todos os que ganhavam no século XVII continuam a ganhar e a verdade é que os países do alargamento são as novas colónias, só é pena é que nós não possamos ganhar algo com isso.Tox

3 comentários:

SinisterRouge disse...

Revolta-te! Solta a tua voz... conta-me o teu problema! xD

Stella Nijinsky disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Stella Nijinsky disse...

Bom dia!

Permite-me congratular-te por te dares ao trabalho de escrever posts sobre este tipo de coisas.

A perspectiva neocolonial associada à dialéctica dos países ricos/países pobres no seio da UE não deixa de ser uma abordagem interessante.

No entanto, é preciso ver que se Portugal, à semelhança de outros países, tivesse investido os fundos em vez de os encarar na lógica do consumo, possivelmente também teria competitividade para exportar, ou seja, a lógica dos fundos estruturais seria criar uma zona económica óptima que por sua vez daria lugar a uma zona monetária óptima, sem os desequilíbrios macroeconómicos que as diferenças de desenvolvimento dos países pudessem gerar.

O crescimento dos países menos desenvolvidos dentro da UE representaria potencial de crescimento para os países centrais, em várias medidas, sendo a mais importante, conforme disseste, novos mercados de consumidores.

Contudo, é preciso não esquecer que não foi apenas a lógica economicista que esteve por detrás de muitos dos alargamentos, mas a da própria segurança das fronteiras da UE.

Achei piada à associação neocolonial que aqui encontráste, mas essa relação está presente nas relações de poder no mundo inteiro, o enfoque na geoeconomia e a competitividade a qualquer custo ditam-no.

Mais uma vez parabéns pela tua atitude cívica ao escreveres este tipo de posts! Aqui há dias fiquei escandalizada (e nem me dei ao trabalho de comentar) com uma bloguista que escrevia a favor de integração de Portugal na "Ibéria", não porque as pessoas não tenham o direito de ter essa opinião, mas porque muito mal fundamentada. Essa pessoa estaria em crer que seríamos todos mais ricos e com mais empregos se fossemos todos Espanha! O que ela possivelmente se esqueceu de pensar é que muito provavelmente seríamos os empregados domésticos e servidores de bicas nessa Ibéria, e não os CEO's das empresas!

O problema crónico de Portugal é que tem vindo a viver buscando a riqueza fora do território nacional, o que não está mal, mas ao invés de ter investido essa riqueza, usou-a sempre para o consumo: começou com a exploração da costa africana, passando depois a viver do império marítimo do oriente. Quando caiu este império, Portugal passou a viver do Brasil. Depois da independência do Brasil veio África e, com a descolonização, os fundos da UE, destinados a fazer Portugal crescer e desenvolver-se. Mas tal como as receitas do ouro ou das especiarias, os fundos estruturais foram utilizados para o consumo.

Esta é uma triste realidade mas daí a pensar-se que Portugal precisa de se integrar em Espanha para enriquecer/sobreviver é demais! É novamente a atitude de pensar que alguém que não nós tem que se encarregar da nossa subsistência!

Um beijinho,
Stella