segunda-feira, abril 16, 2007

One man, one vote, several measures

Na próxima transição constitucional proporia eu um novo sistema de conversão de votos em mandatos afim do sufrágio censitário de antigamente, mas sem a variante menos democrática de reforçar os privilégios dos burgueses à custa dos restantes grupos.
Para mim, os votos deveriam ter um peso desigual. Assim o peso do voto deveria ser proporcional ao nível de escolaridade do eleitor (e não relacionado com a propriedade nem com o background cultural ou social). Para isto ser possível, caberia ainda mais ao estado a obrigação de educar as pessoas até ao máximo grau possível, de modo tendencialmente gratúito, assegurando uma real igualdade de oportunidades quer para os filhos do funcionário público, como para os do gestor, como também para os do deputado, pelo que só se distinguiriam as pessoas pelo seu empenho. As categorias diriam respeito a cada ciclo de escolaridade, valendo o voto de alguem com o 4º ano 1ponto, 2 pontos para o 6º ano ou 2º ciclo(...)5 para a licenciatura,6 para mestrado e 7 para alguém com um doutoramento.
Isto,que vos pode parecer bastante controverso à primeira vista, em democracia, é o único modo de salvar a mesma democracia, por um lado da corrupção e do populismo que a encobre, uma vez que os eleitores mais instruidos seriam cultos o suficiente para saber o que se passava nos circulos do poder e para querer participar na escolha dos seus governantes e o peso menor dos menos instruidos amenizaria o factor das clientelas e do caciquismo e do populismo.
Por outro lado, o sistema ajudaria a democracia a proteger-se das tendencias totalitárias, de esquerda e de direita, que constantemente a atacam e que atactam as liberdades individuais, uma vez que são as classes mais desfavorecidas que, ignorantes, bebem as suas palavras envenenadas vindas duma minoria que pretende controlar o rumo das restantes pessoas; os eleitores mais qualificados saberiam bem em quem estariam a votar e teriam já um grau mínimo de cultura que lhes permitisse antever agendas políticas que agredissem a dignidade da pessoa humana.
Mais ainda, haveria meios e incentivos para que todos se interessassem pela sua instrução.

PS por que é que a democracia funcionava em Atenas? por que (para além de ser directa) todos os votantes eram instruídos (claro que essa era uma falsa democracia, por que só 10% da população era cidadão, mas, nos dias de hoje, há possibilidades para que só 10% dos 100% de cidadãos não seja eleitor activo).

Satyr, quebrando os grilhões

2 comentários:

SinisterRouge disse...

A natureza humana não permite que tal sistema funcione perfeitamente.

Um doutor ou engenheiro por norma recebe muito mais que o trabalhador comum, e a natureza humana faz com que estes defendam os seus próprios interesses. Ou seja, com tal sistema em vigor estariam apenas os que ganham avultadas somas ao fim do mês a defender as suas regalias e tudo aquilo que neste momento tomam por certo. De certa forma já é o que acontece mas...

Se entrasse em vigor já nas próximas eleições e mesmo que as pessoas de classe mais baixa se começassem a instruir devido aos incentivos que mencionaste, demoraria algum tempo até estas pessoas constituirem uma massa suficiente para apresentar alguma forma de oposição á actual situação (E isto tendo muito boa fé nas pessoas, assumindo que não se esqueciam de onde vêm e que não se deixariam corromper pelo dinheiro), e entretanto estavam os ricos a mandar ainda mais neste fim de mundo.

my 5 cents.

Muito bom post, 10 out of 10.

SinisterRouge disse...

Claro que alguem sem instrução muitas vezes cede ao popularismo ou a pressões por parte de conhecidos e acaba por tomar o partido de quem não defende nada que lhe interesse...

A solução: Vamos roubar areia e pedras a um sitio qualquer, construimos uma ilha no meio do atlântico e começamos do zero...